«The high cost of living»

Olhava as mãos dos outros... Cheias de campas e precipícios, valas comuns.
Soube do futuro pelos buracos decifráveis.
(existe quase que um luto, quase que uma luz caminhando pelas árvores)

O antigo guitarrista e vocalista dos Pink Floyd, Syd Barrett, morreu. A notícia foi divulgada hoje pela porta voz do grupo, embora o músico tenha falecido há alguns dias devido a complicações causadas por diabetes.
Syd Barrett foi um dos fundadores dos Pink Floyd, formando o grupo, em meados da década de 60, com Roger Waters, Rick Wright e Nick Mason.
Apesar de ter deixado a banda pouco tempo depois, o músico foi responsável pela composição de muitos dos primeiros temas do grupo. Syd Barrett abandonou a formação um ano após o lançamento de "The Piper at the Gates of Dawn", na sequência de problemas de instabilidade comportamental - muitos deles durante os concertos da banda - devido ao consumo de LSD.


- Pai o que é LSD?
- A dietilamida do ácido lisérgico.



Em nome próprio, o cantor lançaria dois trabalhos, intitulados "The Madcap Laughs" e "Barrett". Nos últimos anos o músico viveu praticamente em completo anonimato.
A sua curta carreira deixou, porém, influências tanto noutros artistas como nos seus próprios companheiros de banda, mesmo depois da sua saída. David Bowie chegou a gravar versões de temas compostos pelo songwriter, como 'See Emily Play'. O álbum "Wish You Were Here" (1975) dos Pink Floyd foi um tributo que o grupo prestou ao seu antigo elemento.
Syd Barrett tinha 60 anos.

Eu tinha 23.

Há quem persiga o luxo da paz, os que buscam a unção e infinita misericórdia da última arbitrariedade, alguém que procure simplesmente um falso conforto, uma lareira nalguma casa abandonada, onde a neve arraste os passos simples e gotas de sangue não permitam fugas para longe.
Aquele permitia-se apenas o fardo inquieto.
É confortável, a cidade, consegue deixá-lo com os pés ausentes da terra. Houve uma determinada altura em que tudo o que pertencia ao seu passado o repugnava sem nenhum motivo concreto, ali tinha crescido, ali sustentada a tese da sua vida, a miraculosa fonte de intuitos que é a vertiginosa leveza. Havia uma esquina indesvendável nas extremidades daquela história, espaço em branco
Paro um texto. Apercebo-me que ao escrever não sinto qualquer tipo de prazer. Não me consigo identificar entre as palavras, nem tão pouco me é possível distinguir a distância a que certas expressões me estão das mãos. Estou preso entre os olhos impressionados e as feridas dos fantasmas que me escorrem pela garganta. Já me tinha confrontado com esta gangrena do sono, mas apanha-me constantemente prevenido, constantemente substituído. Não sou efectivamente eu, ou alguém que tenha sido, ou pessoa suficiente para me lembrar de quem fui.
Sou limites do que sinto, minto sentindo o que Sou.
Sou estando, estando morrendo.
Falecendo do avesso do que estou.
Demasiado vivo.

«Hoje sento-me contagiado pela vida... amanhã já não sei por onde andei» (Pai, «A hora do Diabo»)
(personagem exilada no Brasil. 'São Paulo é como o mundo todo', 1983)

Ele não diria: O que é preciso para ir para o inferno?

1 comentário:

Eu disse...

shine on you, crazy diamond. shine on you, syd barret.

ao-setimo-dia-eu-descansei.blogspot.com/